terça-feira, 27 de julho de 2010

Eleições 2010


Por João Cruzué

No dia 03 de outubro de 2010, serão realizadas eleições para todos cargos políticos desta nação, exceto para prefeitos e vereadores. As principais matérias de cunho anti-cristão, tais como aborto, casamento gay, projeto de lei da homofobia, projeto de direitos autorais da internet e outras, estão estrategicamente escondidas nas gavetas do Congresso esperando que o término dessas eleições para voltarem com toda força. No momento, os crentes que sempre foram considerados o atraso da sociedade brasileira pela grande maioria dos políticos, estão sendo paparicados e adulados.

Creio que isto não é novidade para nenhum dos leitores.

Como também não é novidade a certeza que muitos políticos descrentes têm, que é muito fácil comprar o voto dos evangélicos a partir de propostas indecentes para seus pastores. Eles sabem que a fé e a moral desses pastores são bem relativas - com as raras e abençoadas exceções de sempre.

Pois bem, assim que os próximos deputados federais e senadores tomarem posse, em 2011, todos os assuntos anti-bíblicos engavetados e camuflados, voltarão à pauta. E os crentes voltarão a ter o cheiro ruim de fundamentalismo e atraso que eles sempre disseram, depois de eleitos.

Se estes projetos contrários à Bíblia se converterem em Lei - como já aconteceu na Argentina, no Chile e na Suécia - berço dos missionários que fundaram e organizaram a Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Brasil - eu tenho algo muito grave a dizer. Se estas leis vieram a prejudicar a sociedade brasileira, é por culpa principalmente dos Pastores da Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Por que?

Porque seus templos recebem a visita de todos os candidatos com pretensão ao Congresso Nacional. Os homens que decidirão o destino das leis. Esses pastores sabem exatamente o que deve e o que não deve ser feito com os votos dos membros das suas Igrejas. E digo mais, que é muito difícil um aspirante ao Congresso Nacional, hoje, conquistar seu cargo - sem votos de evangélicos.

Se na próxima legislatura, as crianças e adolescentes de nossas Igrejas voltarem para casa com um cartilha de homoafetividade na mão, impressa com autorização do MEC. como está acontecendo no Chile. Se no dia de amanhã, pastores forem obrigados a mudar a liturgia ministerial em suas Igrejas para se adequar à lei de homofobia - como aconteceu na Suécia. Se no dia de amanhã quebraram as portas de templos evangélicos para celebrar casamentos e outros eventos para gays e lésbicas, eu vou culpar e responsabilizar principalmente os pastores da "minha" Igreja - a Igreja Evangélica Assembleia de Deus.

Vou culpar por não conscientizarem seus membros, porque eu não me atreveria a pensar que os culparia por negociar os votos potenciais de suas Igrejas em favor de ímpios por dinheiro ou vantagens inescrupulosas. Ou por empregos para parentes, terrenos para templos ou cinco milheiros de blocos.

Senhores pastores, o voto evangélico representa, no mínimo, 25% dos eleitores desta nação. Não costumamos votar com base em vida religiosa dos candidatos, mas por sua potencial competência. Mas de agora em diante, os candidatos comprometidos com causas inimigas da Igreja, ainda que vierem vestidos de branco e trazendo auréola de santos - não merecem o nosso voto. Não devem recerber um voto que seja de um cristão, que tenha temor de Deus.

E por falar em temor de Deus, antes de votar em outubro pergunte para seu travesseiro: o deputado federal e os dois senadores que estiver pensando em votar, vai respeitar os interesses cristãos diante de um projeto que venha a prejudicar a Igreja? Se tiver dúvidas - não vote neles.

E se seu pastor estiver fazendo campanha ostensiva ou disfarçada na Igreja em favor de candidatos, que só aparecem na Igreja no período eleitoral, reuna alguns irmãos e peçam explicações a ele. Não seja omisso, pois no dia que seu filho ou neto voltar para casa com uma cartilha gay ou sua Igreja for obrigada a realizar casamentos gay, ou ser proibido ler a Bíblia inteiro no púlpito, a culpa vai ser do seu pastor e também sua porque não fez nada - a não ser criticar.

Isto é muito duro, mas é melhor dizer agora - antes das eleições.



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João B. Cruzue é editor do blog Olhar Cristão, e um dos pioneiros entre os blogueiros evangélicos

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Dawkins: ocupado demais

Em vídeo postado no YouTube, um rapaz se dirige a Richard Dawkins com a pergunta que não quer calar: se Dawkins é o apologeta ateu mais conhecido, e se William Lane Craig é o seu contraponto do lado cristão, por qual motivo o autor de Deus: um Delírio continua se recusando a debater publicamente com Craig? O próprio inquiridor expõe que William Lane Craig já convidou o cientista várias vezes para um confronto de ideias. Dawkins arrogantemente responde que sempre quis debater com padres, bispos, papas, mas não lhe agrada a ideia de debater com um criacionista que é conhecido como debatedor profissional (bobo ele não é...) e ainda diz que o oponente tem que ser mais do que isso, afinal, ele é um homem muito ocupado! Não escondo que achei graça na resposta de Dawkins. Para quem dizia, até pouco tempo, que jamais debateria com criacionistas “para não lhes dar verniz de credibilidade”, o biólogo anda arranjando desculpas demais para não ter de encarar os oponentes. Se em seu recente livro O Maior Espetáculo da Terra, Dawkins afirma que os criacionistas negam o processo evolutivo como quem nega que, por exemplo, a Independência americana aconteceu, parece-me que ele teria motivos sobejos para esfregar suas aclamadas certezas no focinho de qualquer “retrógrado” defensor da Terra Jovem. Não é o que parece.

Se Dawkins conhece somente a fama de orador de Craig, alguém precisa lhe informar o currículo completo do desafiante com urgência. William Lane Craig possui dois PhDs, um em Filosofia pela Universidade de Birmingham (Inglaterra) e o outro em Teologia pela Universität München (Alemanha). É especialista em evidências históricas da ressurreição de Cristo, estudos do Novo Testamento e possui conhecimento na área de Cosmologia, Filosofia Clássica e Lógica. Se a hesitação de Richard Dawkins se devia às qualificações acadêmicas de Craig, problema resolvido!

Seria muito oportuno um confronto direto entre essas duas mentes. No entanto, penso que, a julgar pelo desempenho claudicante de Dawkins durante o debate com John Lennox, o rabugento ateu tem outras razões para evitar o confronto com Craig: suas próprias limitações. Parece que quando o adversário não é o pároco simplório da sul da Itália, é melhor não arriscar...

(Douglas Reis, Questão de Confiança)

sábado, 10 de julho de 2010

O segredo mais bem guardado do inferno

Não preciso acrescentar nada além do que já é mostrado, só peço que todos vejam esses vídeos até o fim, são uma sequência, são alguns minutos que podem mudar sua vida, não importando se você é católico, evangélico, tenha outra religião, esteja afastado ou até seja um incrédulo.

Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4

Tradução para o português do original "Hell's Best Kept Secret", do ministério Living Waters. www.wayofthemaster.com

quarta-feira, 7 de julho de 2010

14 motivos que levaram o Apóstolo Paulo a morrer na miséria

À luz dos ensinamentos dos teólogos da prosperidade que afirmam que o servo de Deus tem que ser rico, descobri os verdadeiros motivos que levaram o Apóstolo Paulo a morrer na mais profunda miséria.

Infelizmente, o Apóstolo de Cristo aos gentios, não "entendeu" as revelações bíblicas cometendo erros gravissimos como:

1º Não decretar a bênção da vitória na sua vida.
2º Não amarrar o principado da miséria.
3º Não quebrar as maldições hereditárias provenientes de seus antepassados.
4º Não entender a visão da multiplicação do movimento G12.
5º Não receber a revelação do DNA da honra de Deus.
6º Não possuir as unções do cachorro, leão, águia, macaco, lagartixa, vômito e etc.
7º Não tomar posse da bênção.
8º Não semear as sementes da prosperidade.
9º Não ter sido promovido a "paipostólo"
10º Não ter trocado de anjo da guarda.
11º Não ter elaborado nenhum mapeamento de batalha espiritual.
12º Não ter recebido revelações do inferno.
13º Não ter emitido nenhum ato profético.
14º Não ter desenvolvido o hábito de orar em montes.

Caro leitor, segundo a ótica dos teólogos da prosperidade Paulo foi um fracassado, um pastor incompetente que não soube desfrutar das bênçãos de Deus.

Triste isso não?

Isto posto, resta-nos rogar a Deus pedindo misericórdia, como também que livre a sua igreja desta doutrina nojenta e anticristã.

Pense nisso!

Jesus não era Cristão

Muita gente pensa que sim. Todavia, a religião de Jesus não era cristianismo. Explico. Jesus não tinha pecado, nunca confessou pecados, nunca pediu perdão a Deus (ou a ninguém), não foi justificado pela fé, não nasceu de novo, não precisava de um mediador para chegar ao Pai, não tinha consciência nem convicção de pecado e nunca se arrependeu. A religião de Jesus era aquela do Éden, antes do pecado entrar. Era a religião da humanidade perfeita, inocente, pura, imaculada, da perfeita obediência (cf. Lc 23:41; Jo 8:46; At 3:14; 13:28; 2Co 5:21; Hb 4:15; 7:26; 1Pe 2:22). Já o cristão – bem, o cristão é um pecador que foi perdoado, justificado, que nasceu de novo, que ainda experimenta a presença e a influência de sua natureza pecaminosa. Ele só pode chegar a Deus através de um mediador. Ele tem consciência de pecado, lamenta e se quebranta por eles, arrepende-se e roga o perdão de Deus. Isto é cristianismo, a religião da graça, a única religião realmente apropriada e eficaz para os filhos de Adão e Eva.

Assim, se por um lado devemos obedecer aos mandamentos de Jesus e seguir seu exemplo, há um sentido em que nossa religião é diferente da dEle. Quando as pessoas não entendem isso, podem cometer vários enganos. Por exemplo, elas podem pensar que as pessoas são cristãs simplesmente porque elas são boas, abnegadas, honestas, sinceras e cumpridoras do dever, como Jesus foi. Sem dúvida, Jesus foi tudo isso e nos ensinou a ser assim, mas não é isso que nos torna cristãos. As pessoas podem ser tudo isso sem ter consciência de pecado, arrependimento e fé no sacrifício completo e suficiente de Cristo na cruz do Calvário e em Sua ressurreição – que é a condição imposta no Novo Testamento para que sejamos de fato cristãos.

Esse foi, num certo sentido, o erro dos liberais. Ao removerem o sobrenatural da Bíblia, reduziram o Jesus da história a um mestre judeu, ou um reformador do judaísmo, ou um profeta itinerante, ou ainda um exorcista ambulante ou um contador de parábolas e ditos obscuros que nunca realmente morreu pelos pecados de ninguém (os liberais ainda não chegaram a uma conclusão sobre quem de fato foi o Jesus da história, mas continuam pesquisando...). Para os liberais, todas essas doutrinas sobre o sacrifício de Cristo, Sua morte e ressurreição, o novo nascimento, justificação pela fé, adoção, fé e arrependimento, foram uma invenção do Cristianismo gentílico. Eles culpam especialmente a Paulo por ter inventando coisas que Jesus jamais havia dito ou ensinado, especialmente a doutrina da justificação pela fé.

Como resultado, os liberais conceberam o Cristianismo como uma religião de regras morais, sendo a mais importante aquela do amor ao próximo. Ser cristão era imitar Cristo, era amar ao próximo e fazer o bem. E, sendo assim, perceberam que não há diferença essencial entre o Cristianismo e as demais religiões, já que todas ensinam que devemos amar o próximo e fazer o bem. Falaram do Cristo oculto em todas as religiões e dos cristãos anônimos, aqueles que são cristãos por imitarem a Cristo sem nunca terem ouvido falar dEle.

Se ser cristão é imitar a Cristo, vamos terminar logicamente no ecumenismo com todas as religiões. Vamos ter que aceitar que Gandhi era cristão por ter lutado toda sua vida em prol dos interesses de seu povo. A mesma coisa o Dalai Lama e o chefe do Resbolah.

Não existe dúvida que imitar Jesus faz parte da vida cristã. Há diversas passagens bíblicas que nos exortam a fazer isso. No Novo Testamento encontramos por várias vezes o Senhor como exemplo a ser imitado. Todavia, é bom prestar atenção naquilo em que o Senhor Jesus deve ser imitado: em procurarmos agradar aos outros e não a nós mesmos (1Co 10:33–11:1), na perseverança em meio ao sofrimento (1Ts 1:6), no acolher-nos uns aos outros (Rm 15:7), no andarmos em amor (Ef 5:23), no esvaziarmos a nós mesmos e nos submeter à vontade de Deus (Fp 2:5) e no sofrermos injustamente sem queixas e murmurações (1Pe 2:21). Outras passagens poderiam ser citadas. Todas elas, contudo, colocam o Senhor como modelo para o cristão no seu agir, no seu pensar, para quem já era cristão.

Não me entenda mal. O que estou tentando dizer é que para que alguém seja cristão é necessário que ele se arrependa genuinamente de seus pecados e receba Jesus Cristo pela fé, como seu único Senhor e Salvador. Como resultado, essa pessoa passará a imitar a Cristo no amor, na renúncia, na humildade, na perseverança, no sofrimento. A imitação vem depois, não antes. A porta de entrada do Reino não é ser como Cristo, mas converter-se a Ele.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Falso profeta fazia revelações baseado no orkut dos crentes


Por Leonardo Gonçalves

O reteté é uma abominação ao Senhor. Fruto do casamento do evangelicalismo com a macumba brasileira, o fenômeno religioso que inclui rodopios, gritos histéricos e passos semelhantes aqueles praticados nos terreiros de umbanda. O fenômeno é exclusivamente brasileiro, não ocorrendo em lugares que não estão sob influência do pentecostalismo tupiniquim. Que o diga o amigo Renato Vargens, que após conhecer a Assembléia de Deus aqui do Peru, voltou para o Brasil e escreveu o artigo "Uma Assembléia de Deus sem reteté".

Quero dizer aos irmãos pentecostais sérios que não se preocupem; esta crítica não está destinada a vocês. Sei que há pentecostais inteligentes, idôneos e coerentes, que conciliam de modo maravilhoso a crença na atualidade dos dons espirituais com o ensino Paulino de ordem no culto, apresentando a Deus um culto racional. Estes, embora crendo no poder "dinâmico" do Espírito Santo, não desprezam as escrituras, as quais nos fazem sábios para a salvação. Definitivamente, minha crítica não está voltada a estes.

Mas, se isto é assim, para quem então é esta exortação? Minha crítica é para os meninos flutuantes, para os irracionais, para os palhaços do evangelho que fazem da igreja um grande circo e do púlpito um picadeiro. Sim, minha crítica é para aqueles pastores que se assemelham aos apresentadores de espetáculos, e contratam estes artistas, mágicos e ilusionistas da fé para enganar o povo que, diga-se de passagem, está doente e sem discernimento.

O que o leitor vai ver à seguir é uma prova inconteste do "grau de maturidade" de alguns pastores que estão fazendo a vida lá no exterior. Digo isso porque quem coloca um charlatão destes no púlpito da igreja tem ainda menos juízo que o tal profeteiro do Orkut, que cruza o atlântico para executar suas peripécias, levando os ouvintes ao delírio promovendo histeria coletiva e catarse.


Reparem também no fenômeno das línguas estranhas proferidas pelo pregador. Em mais de uma década de crente, frequentei muitas reuniões ditas "de fogo", e inúmeras vezes ouvi esta mesma verbalização desconexa proferida pelo pregador. Faltaria criatividade ao Espírito de Deus para inspirar línguas diferentes e desconhecidas nos lábios dos crentes? Ora, ou é isso, ou muitos andam copiando o que ouviram por aí.

Louvo a Deus pelos pentecostais, pois com eles e entre eles aprendi a crer e defender minha crença na atualidade dos dons espirituais. No entanto, lamento e choro por dentro cada vez que vejo essas coisas acontecendo bem debaixo dos seus narizes.

Infelizmente, parece que a igreja pentecostal brasileira (e suas filiais no estrangeiro) em seu desejo por possuir o tal poder, esqueceu completamente do importante dom de discernir espíritos.



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Leonardo Gonçalves crê na atualidade dos dons espirituais, mas nao "fecha" com a macumba evangélica nem com os profeteiros do Orkut.

O som gospel cai na mídia secular. E daí?

Recentemente no “Domingão do Faustão” teve algo diferente. Em lugar de músicos populares, apareceram as cantoras Gospel Aline Barros e Fernanda Brum. As duas contaram sobre sua amizade e carreira, cantaram músicas dos respectivos repertórios, encerrando a visita cantando juntas uma música. Muitas publicações e sites evangélicos com certeza considerarão esse fato um avanço à causa evangélica. Como protestante, sou forçado a discordar de toda a mídia evangélica, católica e protestante juntas; e não tenho a intenção de criticar ninguém, mas realmente sinto que uma causa evangélica de mídia foi exaltada; mas não o evangelho em si. Já tive o prazer de ouvir pessoalmente Aline Barros e gosto de algumas de suas músicas; Fernanda Brum, escutei algumas vezes na rádio também. Meu questionamento não é de forma alguma pessoal, antes é um questionamento sobre a efetividade da arte cristã, que segue padrões demarketing, popularidade e disseminação em massa; mas perde o elevado padrão de espiritualidade profunda, reflexão renovadora dos ouvintes e transformação das vidas pelo evangelho.

Evangélico hoje bebe cerveja, dança funk, pula carnaval, vai a baladas noturnas (tudo com letramento “evangélico”, é claro!); o nome de Jesus Cristo é repetido à exaustão, mas jamais é exaltado.

As duas cantaram músicas extremamente ritmadas que agitaram a plateia (especialmente a última música, que cantaram juntas) de um jeito extremamente alvoroçador, exagerado, acima de muitas músicas populares feitas para a diversão. Isso me faz lembrar de uma mãe em Laguna, SC, que me contou que não entendia como Deus poderia estar nas músicas gospel da filha.

Normalmente, diz-se que existe uma mistura natural entre música religiosa (especialmente americana) e popular. O que muitos esquecem é que nos séculos 19 e 20 a música religiosa era fonte de inspiração para temas populares, logo você pode notar que muitas músicas populares tinham letras, melodias e ritmos literalmente embelezados por sua influência advinda da música religiosa. Assim você ouve e sente uma sensibilidade diferente em cantores populares como Nat King Cole, Sarah Lois Vaughan, para citar alguns. Isso chegou até a influenciar a música do cinema em sua famosa Era de Ouro.

Mas o processo que vem ocorrendo especialmente desde os anos 1980 é inversamente outro, e nessa inversão existem tremenda crueldade e destruição artística. Cantores gospel muitas vezes imitam os ritmos populares, trazendo para a igreja evangélica ritmo, barulheira e sentimentalismo doentio; assim o evangelho deixa de ser um chamado ao culto racional, um sacrifício vivo em que a alma se cala ante El Shadday, o Todo-Poderoso (nas palavras de Romanos 12:1), ouve-Lhe a voz e pergunta submissa: “Senhor, que queres que eu faça?” (Atos 9:6).

Até mesmo cantores populares que pisaram nos dois terrenos, como Elvis e Bob Dylan, trataram a música religiosa de maneira mais respeitosa do que alguns cantores gospel estão fazendo hoje.

O que os cristãos católicos, protestantes e evangélicos precisam fazer é reencontrar suas origens. No caso católico, podemos citar a música coral de Haendel, especialmente o oratório O Messias. Haendel era truculento e nervoso e dedicou muito de sua arte à música operística, com seus exageros e enredos sentimentalistas; mas teve a vida literalmente mudada depois de compor O Messias.

Os protestantes precisam se lembrar de Lutero, que usou a grandiosidade do canto coral com orquestra para reafirmar os grandes temas da fé renovada a partir da Reforma. Precisam lembrar e valorizar tremendamente Johann Sebastian Bach, cuja monumental obra sacra assombra até hoje os maestros e cantores eruditos de todo o mundo.

Os evangélicos precisam se lembrar da beleza e simplicidade das músicas que eram cantadas na igreja crescente nos Estados Unidos; músicas provindas de compositores que tinham experiência profunda de espiritualidade, como a escritora cega Fanny Jane Crosby, Ira David Sankey, os contemporâneos George Beverly Shea e o casal William e Gloria Gaither.

Qualquer inovação artística só terá efeito salvífico se trouxer ao cantor e seu público um sentimento de reverência, entrega e santificação diante do Sagrado e pelo poder do Sagrado. A música evangélica pode muito bem voltar às suas raízes legítimas e produzir frutos de salvação em favor de um mundo que está perdido em meio à barulheira e à gritaria de sons que não são sons, de músicas que não são músicas; proclamando em alto e bom som a mensagem de salvação, que traz consigo um coração novo, de carne e não de pedra.

(Sílvio Motta Costa é professor em Campinas, SP)