sábado, 7 de março de 2009

Consumir álcool causa câncer

O mito de que uma taça diária de vinho não faz mal caiu por terra na França. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) no país publicou um documento que orienta os profissionais de saúde a combater o hábito de beber diariamente, que concerne 13,7% da população. O motivo: em qualquer medida, bebidas alcoólicas podem causar câncer. O relatório se ampara nas conclusões de três institutos: o National Alimentation Cancer Research, o Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer e o Instituto Americano para a Pesquisa sobre o Câncer. O Inca coordena na França os estudos, além de orientar médicos na luta contra a doença.

Segundo o texto, o consenso acadêmico sobre os riscos do álcool são suficientes para que campanhas de esclarecimento sejam realizadas. “O consumo de bebidas alcoólicas está associado ao aumento do risco de diversos cânceres: de boca, de faringe, de laringe, de esôfago, colo-retal, do sangue e do fígado.”

O documento alerta que o porcentual de aumento do risco está estimado tendo como base cada copo de álcool consumido por dia. O risco varia entre 9% a 168%. “Em particular, o aumento do risco de cânceres de boca, de faringe e de laringe é estimado em 168% por copo de álcool consumido por dia.” O relatório descarta até a ingestão diária de pequenas doses, tradição no país. “O aumento do risco é significativo a partir do consumo médio de um copo por dia. O efeito depende do volume consumido, não da bebida alcoólica.”

Dominique Maraninchi, presidente do Inca, e Didier Houssin, diretor-geral de saúde, autores do texto, alertam que o etanol é metabolizado em acetaldeído (etanal), que pode gerar mutações no DNA.

Na França, a recomendação tem peso de choque cultural. Desde 1960, o volume de consumo de bebidas alcoólicas vem caindo, mas o nível atual – de 12,9 litros por habitante por ano – é dos mais elevados. Em 2006, a Organização Mundial da Saúde indicou que 20,3% dos homens e 7,3% das mulheres com idades entre 12 e 75 anos bebem todos os dias no país.

(O Estado de S. Paulo, 18/2, republicado no Jornal da Ciência)

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